Sinto o cheiro agridoce.
E mesmo assim todo o resto que sinto, dói.
O vazio impregna a todos os sentidos.
Sei que meu coração ainda bate, mas não sei o porque.
Fico a e perguntar.
Tudo em mim é sem sentido, insensível.
Olho um velho ténis e ele me leva alugares tão distantes.
Não sinto meus pés há uma semana, não sei como ando. Porque ainda ando.
Minhas pernas se movem simplesmente, também não as sinto.
Foi quase engraçado olhar para ver se ainda as tinha, vi o porque do cheiro.
Sangue, via sangue, cheirava sangue. Mas não sentia nada.
Minhas mãos se movem nessas palavras vazias.
Sinto dor, minha cabeça, tudo tão vazio, ela tão cheia. Não senti o corte por horas, mas não deixo de sentir o pulsar por um segundo sequer. Tanta coisa, tanto peso.
A cada palavra sinto a caneta pesando uma tonelada.
Tudo dói! A dormência parece ser tentadora.
Cada palavra espero que vá ser a ultima. A dor não para.
Toda noite desejo que não tenha fim. Mas há o medo.
Por isso não durmo sem o sol. Os sonhos ficam mais reais, a dor vem junto com eles. Não preciso mais dormir para te sentir.
Posso te sentir, todo o tempo, seus sorrisos, seu coração batendo. Feliz, longe, fora do meu alcance.
Posso te sentir, não mais a nós ou a mim.
Sinto sua felicidade, e me sinto tão vazio.