quinta-feira, 29 de julho de 2010

Reflexão a tristeza...

Quando a noite vem um vazio aflora no meu peito, e eu vejo a falta que aquilo que perdi me faz. Um momento de sofrimento derradeiro qual você tenta camuflar de maneiras paliativas, fracas, inconstantes. A falta bate forte no seu coração e teus olhos se enchem d’água. Dor...


Tudo tem um fim. Essa é nossa única certeza desde que nascemos, vai haver um fim. As virgindades se perdem, corações se partem, prédios caem, amigos se mudam, nossos livros não vendem, nossa árvore seca, nossos filhos crescem, nossos pais morrem. Sabemos disso, sabemos que vivemos em um mundo feio, mas quando uma dessas coisas que sabemos que um dia vai acontecer realmente acontece sofremos.

Por mais que venham as decepções os momentos de amargura, a tristeza na sua forma mais pura. Erguemos a cabeça e nos mostramos fortes para afastar quem cogita se envolver. Queremos ajuda desesperadamente, mas não a aceitamos quando nos é oferecida.

Preferimos ficar só e quem sabe desabafar noites adentro em uma folha em branco, deixando as lágrimas escorrerem, abrindo o fundo do seu coração, deixando a amargura sair simplesmente desabafando e deixando o vento secar seus olhos...

E quando nada mais adianta? Quando as palavras que deveriam aliviar seu peito o fazem pesar ainda mais? Quando não quer fazer nada além de dormir e ao mesmo tempo ficar na cama te entedia? Quando passar tempo consigo mesmo dói... e muito...

Minha tristeza me consome e draga pouco a pouco minha essência, bebe do poço que irriga minha vida deixando-o cara vez mais vazio... e fico sozinho, mesmo sabendo que não há como ir a lugar algum assim...

Ainda ando sozinho...

Gabriel Melo

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Uma brincadeira e tanto...

Uma sátira à anedota que a felicidade te faz.



- Olá, Sabe quem sou?-

E prontamente você balança negativamente a cabeça.

-Ora, mas como não se lembra de mim? Não fui sempre eu quem você perseguiu por toda vida? Pois bem agora estou aqui de fronte para ti. -

E você olha com um olhar incrédulo e espantado. Para uma criatura semi divina.

-Que foi? Não há de fazer nada agora que me ofereço na sua frente? Não vê como minha pele é macia? Como meus seios são fartos? Como minhas curvas são maravilhosas? De todos os homens estou agora somente na sua frente. Venha e prove um pouco daquilo que tanto sonhou. -

E você vai, se entrega, consome total e plenamente a tudo. Ao satisfazer-se olha no fundo de teus olhos e lhe questiona qual o seu nome, e como sabe que era exatamente ela que buscava em toda sua vida.

- Vai realmente se preocupar com meu nome? Um dia você vai descobri-lo, enquanto isso venha e vamos nos divertir mais. -

E tudo que você tem é essa necessidade crescente de aproveitar cada segundo, cada particularidade dos momentos, tão perfeitos, únicos. Mas no seu intimo está lá aquela pergunta que não se cala. E vai crescendo e consumindo e desgastando você.

-O que foi? Porque anda tão longe atualmente? Você não gosta mais de ficar ao meu lado? Porque sua mente ta tão nublada nos últimos dias? Não mais tem interesse por mim, não te agrado mais?-

E você se encontra ali deitado, repleto de dúvidas criadas pela constante falta de informações. Olhando para aquela divindade bem ali do seu lado e a milhares de palavras de distância. Toda sua, mas sem que você consiga alcançá-la.

-Você é simplesmente um idiota! Não te entendo, não quero mais nada com você. Devia crescer largar de ser uma criança insegura. Tchau, até quem sabe um dia, quando você deixar de ser uma criança. -

E você fica ali, parado ao meio de uma infinidade de pessoas olhando a mais perfeita de todas as criaturas ir embora da sua vida, sem que você tenha argumentos para convencê-la a ficar. Quando percebe ao seu lado uma sombra familiar que sempre esteve ali junto de ti. Aquela escuridão familiar te acolhe em teu seio.

-Ah finalmente está de volta ao meu lado. Demoraste muito nos braços daquela desconhecida. Ainda quer saber quem era ela não é minha criança? Pois bem te digo. Aquela era a Felicidade, na sua forma mais pura e plena. Provavelmente há de cruzar com ela novamente, mas ela há de ter outra forma não tão completa. Mas venha cá aos braços da mãe Solidão que nunca te abandonou nem fugiu por não te entender. -

E você fica parado no conhecido... ou corre atrás de quem te faz bem?



Gabriel Melo

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Um conto do navio.

Faço parte da terceira geração de piratas nesse navio. Meu pai é o atual capitão do SSV. Seu nome é Gabriel Melo, mas se fazia chamar por Capitão Scharlaken. Bem que ninguém mais que sua pequena tripulação de nove pessoas o chama assim. Ainda mais dês de que o SSV encalhou em águas rasas no mês passado e fomos obrigados a esperar até a próxima maré para partimos. Esse mês tornou minha vida como escrivão muito entediante. Então decidi falar sobre a Era de ouro do SSV.

Essa parte da historia se passou há muitos anos atrás e só posso contá-la hoje agradecendo a ótima memória que nosso ouderling Alucard tem. Ela se passa antes de meu pai ganhar o SSV em uma, até hoje contestada, mão de pôquer do antigo capitão Arnaldo Zoon Van De Duivel. Em uma época onde trazer mulheres a bordo ainda era considerado um sinal de azar. Assim o SSV era considerado o navio mais azarado de todo o atlântico. O próprio capitão levava a bordo não somente sua esposa, Carolina Sterk, como a irmã mais nova, hoje chamada por muitos de senhora Beatriz a Zuiver. Mas que na época não passava de uma garotinha agarrada à barra do, sobretudo de seu irmão. Ainda assim havia mais e muita mais, Patrícia de Witte foi uma das, mas faladas na sua época, destemida e de uma perícia com a lâmina de se invejar por muitos homens. O resto da tripulação era composta por Siegel e Webh uma dupla de alemães, Alcides o navegador e Arthur Leverancier.

Voltando a historia em si, o SSV era o navio mais azarado de todo o atlântico e isso os fez entrar no caminho de muitas pessoas que nem mesmo o barda ruiva ou negra gostariam de ter conhecido. O Velho Alucard me contou de uma vez em que foram perseguidos por toda a esquadra brasileira pela costa, isso durou uns 6 meses, já que o SSV não parecia fazer questão de andar e menos ainda os perseguidores brasileños principalmente os da região de porto seguro. Seis meses podendo ser atacado a qualquer hora sem ter certeza se os atacantes iriam abordar durante o sono, ou em pleno sol. Isso sim devia ser um pirata, a emoção de ser caçado pelas autoridades, muito diferente de ficar aqui sentado nessa cabine fétida escrevendo sobre como não fazemos nada todo o dia esperando a maré alta chegar. Gostaria de ter vivido na era de ouro do SSV, onde todos sabiam o que era emoção de verdade. E a outra vez em que eles lutaram sozinhos contra um exercito inteiro de cavaleiros de Hades nas ilhas gregas. Cada um matou milhares para continuar vivo. Sinto muita inveja deles, dessa época em geral. Gostaria que Mais aventuras como aquelas fossem possíveis hoje em dia. Deixo aqui meu escrito do dia.

PS: Novamente um dos nossos porcos sumiu, será que algum animal da selva o pegou? Ainda me pergunto que símbolos estranhos são aqueles sobre a montanha no centro da ilha. São tão brilhantes e chamam tanta atenção, queria que me pai tivesse me colocado na expedição de desbravamento que foi analisar a ilha, estranho que eles não tenham voltado ainda. Será que aconteceu algo com o Siegel? Espero poder fazer mais pra ajudar meu pai em breve.

Gabriel Melo II

29 de junho de 1810

domingo, 11 de julho de 2010

Duas e dezessete da manhã de uma madrugada de domingo para segunda

Quisera eu poder desistir assim tão facilmente.
Gostaria de poder abandonar aquilo que tanto me aflige aquilo que deposito esperanças e não encontro retorno algum.
Gostaria de poder parar de sacrificar minha vida, meu orgulho, meu amor desta maneira.
Mas estranhamente ainda o faço e hei de continuar fazendo-o.
És mais forte, mas poderoso que o poder de minha mente alcança.
Bebes diretamente de minha alma e assim me torna mais inumando a cada palavra, sentença, a cada pontuação.
Há momentos que sua força é tamanha que não passo de uma sombra tangível vagando sem rumo no mundo os vivos e existem momentos como esse que sou tão humano e tão capaz de ser atingido nesse mundo como qualquer outro e nada mais seria tão interessante como ser uma sombra próxima ao nada.
Matas-me aos poucos porque assim há de ser, és seu desejo como o meu é em horas oportunas. Mas não só de momentos oportunos se faz a vida, assim cada dia pode ser o último, cada palavra pode ser a última, cada texto pode ser o último antes que mais nada escrever novamente.
Não nesse mundo...

sábado, 10 de julho de 2010

De ‎sexta-feira, ‎12‎ de ‎março‎ de ‎2010, ‏‎00:40:18

Fitava-a, e ela e devolvia o olhar com a mesma intensidade. Reparava cada detalhe de seu ser como se o tempo me tivesse sido parado e nada mais importasse. Reparei em sua alva pele, levemente irritada pelo sol. Seus olhos se fechavam para melhor enxergar na luz do meio dia e assim contraindo toda sua feição. Havia ali presente a todo o momento o vento que levava seus cabelos comprometidamente sem rumo algum. Loiros, brilhantes quase cegantes ao sol, mas belos, de uma beleza inexplicável, quase sobrenatural. Olhava-a até que finalmente o tempo pareceu passar e eu entrei no seu enfoque. E ela disse palavras que me tiraram instantaneamente de meu transe.
– Gab, quanto tempo. 
Senti a pressão do toque de sua mão por sobre minha camisa. Movendo-se lentamente, até me prender entre seus braços. Muitas eram as sensações simultâneas, a pele macia de seu rosto tocando por um instante meu pescoço e finalmente descansando por sobre meu ombro direito. Havia o toque de seus cabelos, com um perfume frágil de pêssego, camuflados quase que completamente pelo cheiro de protetor solar recém passado que era exalado de toda sua pele. A mesma qual se mostrava com uma textura extenuante e se irritava pelo toque de minha barba mal feita. Pequenos arranhões quais faziam o cheiro do protetor se tornar mais vívido que nunca. É como se a eternidade não fosse tempo bastante para ficar ali simplesmente devorando-a com meus sentidos. Mas finalmente após várias centenas de décadas senti a pressão de suas mãos diminuírem. Era chegada finalmente à hora de libertá-la mesmo que não fosse meu desejo.
– Sim, muito tempo...