sábado, 10 de julho de 2010

De ‎sexta-feira, ‎12‎ de ‎março‎ de ‎2010, ‏‎00:40:18

Fitava-a, e ela e devolvia o olhar com a mesma intensidade. Reparava cada detalhe de seu ser como se o tempo me tivesse sido parado e nada mais importasse. Reparei em sua alva pele, levemente irritada pelo sol. Seus olhos se fechavam para melhor enxergar na luz do meio dia e assim contraindo toda sua feição. Havia ali presente a todo o momento o vento que levava seus cabelos comprometidamente sem rumo algum. Loiros, brilhantes quase cegantes ao sol, mas belos, de uma beleza inexplicável, quase sobrenatural. Olhava-a até que finalmente o tempo pareceu passar e eu entrei no seu enfoque. E ela disse palavras que me tiraram instantaneamente de meu transe.
– Gab, quanto tempo. 
Senti a pressão do toque de sua mão por sobre minha camisa. Movendo-se lentamente, até me prender entre seus braços. Muitas eram as sensações simultâneas, a pele macia de seu rosto tocando por um instante meu pescoço e finalmente descansando por sobre meu ombro direito. Havia o toque de seus cabelos, com um perfume frágil de pêssego, camuflados quase que completamente pelo cheiro de protetor solar recém passado que era exalado de toda sua pele. A mesma qual se mostrava com uma textura extenuante e se irritava pelo toque de minha barba mal feita. Pequenos arranhões quais faziam o cheiro do protetor se tornar mais vívido que nunca. É como se a eternidade não fosse tempo bastante para ficar ali simplesmente devorando-a com meus sentidos. Mas finalmente após várias centenas de décadas senti a pressão de suas mãos diminuírem. Era chegada finalmente à hora de libertá-la mesmo que não fosse meu desejo.
– Sim, muito tempo...

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