Ali parado lendo meu livro no trem.
Ela olha, meu olhar cruzou.
Ela vira pra amigas, conversa, fala, discute e olha bem nos meus olhos.
Meu livro é bom, poemas de dor e angustia, meu olhar vagueia, sobe passa por seus cabelos volumosos, a testa descascada de sol, ela olha enquanto eu olho.
Meu livro é bom, versos de amor sobre uma louca desamada, ela olha, eu olho seus olhos castanhos por quase um segundo, sorrio.
Cerveja, sexo, policiais, o livro é bom. Seu olhar cruza o meu, seus olhos me medem, olha para as amigas, meia dúzia de palavras e olha novamente.
Meu sorriso bate nos seus olhos e ela finge que não vê. Volto ao meu livro, fugir num carro azul de 1934, dirigindo sem destino. Ela da um sorriso pequeno.
O trem para na estação, ela vira olha sorri e vai-se embora. Sai pelo trem seguida pelas amigas. Olha pra trás e vê meu sorriso mais uma vez.
Pensei por um segundo em falar ou ir atrás, mas meu livro é bom demais e ela ia atrapalhar mais minha leitura.
Nenhum comentário:
Postar um comentário