quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Sempre, desde que me lembro


nunca fui alguém por mim mesmo. Era sempre um reflexo irregular e incompleto daquilo que me cercava.
Um camaleão que provinha sua escrita e trejeitos do que sempre me fora mais próximo, os livros que lia, filmes, revistas(Não aquelas de opinião porque mesmo sem me conhecer, preferia não comprar as opiniões que eram vendidas na mídia.).
Hoje dormi novamente sozinho, como na noite anterior e a que essa precedeu. Acordei na hora que o despertador tocou, podia ter me endireitado, mas tudo que queria era voltar a dormir. Mais uma vez e pra sempre. Abri o livro da vez, um de poemas, pensei nos cachos de uma menina, não minha menina nunca tive uma com cachos, mas eram belos cachos. Acho que me apaixonei pelo seu cabelo e o cérebro que eles envolviam. Uma parte de um texto me chamou atenção.
"e se você tiver a capacidade de amar ame primeiro a si mesmo"
Tive certeza que nunca fora capaz de amar. Todo esse tempo só procurei paz. Aquela paz indisciplinada e monótona de quem reza aos deuses pra ser subjugado e entrar nas formas de quem lhe deseja. Sou um rebelde, odeio ter essa alma livre tão presa aos martírios de um convívio social pré determinado.
Nunca mais quis dormir na nossa cama. Ela mantém seu cheiro e minhas lembranças afloram. Perdi minha cama quando você chegou e nunca mais ela será minha. Mas virou um bom baú pros meus livros e revistas não sociais.
Gostaria de saber de onde vou alimentar meu cérebro agora. Tive certeza que sempre fui só palavras e agora sinto fome

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